10 mandamentos da contação de histórias
- Escolha uma história da qual você goste muito e deseje contar.
- Leia essa história muitas vezes.
- Feche os olhos e imagine o cenário, os personagens, o tempo e outros elementos constituintes do enredo.
- Escolha a voz para o narrador e para as personagens da história.
- Exercite seu poder de concentração.
- Aprenda como criar o gosto pela leitura conforme a idade do aluno.
- Tenha cuidado com sua postura e os vícios de linguagem.
- Conte para alguém antes de contar para todo mundo.
- Na hora de contar, olhe para todo: olhar diz muita coisa.
- Seja natural, deixe falar seu coração e seduza o ouvinte para que ele deseje ouvir novamente.
HISTÓRIAS PARA CONTAR E ENCANTAR......
O TÓ E O CÃO NARUK
O TÓ é um menino que apascenta as cabrinhas, leva-as todos os dias aos pastos verdes
para que elas fiquem felizes e encham a barriguinha, depois...bem lá para a tardinha regressa
a casa onde o espera o avô afim de procederem à ordenha.
O TÓ, tem muitos amigos lá na sua aldeia
mas sonha que há-de ir para a cidade
pois é um estudante de mão cheia
e logo, logo, terá mais idade!
Ah...mas ainda não partiu
e já sente que vai ter saudade
Dos prados, do rio...
E dos amigos por quem tem muita amizade.
Às vezes conversa com o amigo RUI
e lhe confessa ...olha RUI eu já estou com saudade
e ainda não fui...
Diz o RUI, arranjaremos maneira de cá voltar
talvez na primavera
Vamos os amigos todos juntar
pois a nossa amizade é sincera.
O avô do TÓ já procedeu à ordenha
há leite fresquinho,
para beber e fazer bom queijinho.
Hoje o avô está feliz pois nasceram
dois cabritinhos,
com tão poucas horas de vida
já andam aos saltinhos.
Amanhã já vão ao pasto com o TÓ
e assim o menino com tanto amigo
nunca se sente só.
Ah...já me esquecia...
É que o cão NARUK,
Também faz muita companhia.
Não deixa tresmalhar as cabrinhas
trá-las todas sempre juntinhas.
E faz ão...ão...ão...!
Vai latindo sem parar
Como quem diz: por aí não...por aí não!
Fazem favor de voltar!
É uma grande ajuda que o TÓ tem
e é um grande amigo também!
Ora bem, quem nasceu na aldeia
não esquece nunca os dias ensolarados
as árvores em flor
o cantar dos pássaros em liberdade
Os amigos amados
O seu primeiro amor
E tudo lembra para sempre com saudade.
As primeiras letras e algarismos,
o primeiro professor...
A escola branquinha com risca amarela
E a secretária onde se sentava, junto dela.
Lembrará o quadro, e o adro,
as brincadeiras à apanhada
e as ruas estreitinhas da terra amada.
As hortas, e as festas tradicionais
Os foguetes a banda, não esquecerá jamais.
Mas o TÓ vai crescer e tomar rumo na vida
leva no coração a terra querida
e quando tiver netos, vai contar-lhe a sua história
e tudo o que guarda na memória.
Espero que os meninos que ouvirem a história, não se esqueçam do TÓ
pois na verdade é um menino com muitos bons sentimentos, sempre pronto a ajudar
na lida do campo os avós que o ajudam também a crescer, dando-lhe lições de vida.
A LAURINHA E O AVÔ QUIM
A LAURINHA olha atentamente o avô Quim que anda a semear os coentros,
num canteirinho virado ao sol, e abrigado do vento. Ao lado está o canteiro
das ervilhas de cheiro e bem colorido já ... está o preferido do avô que é
o canteirinho das alfaces verdes e roxas, crescendo dia a dia que dá gosto ver...
Mas a menina se preocupa com a saúde do avô e acha que ele deve estar cansado.
Ai avô... quem dera ter uma horta assim!
Para plantar coentros salsa e alecrim...
Mas claro tenho que aprender
E é contigo se me quiseres ensinar,
eu prometo merecer,
e quando souber plantar e cuidar
Aí sim... já tu podes descansar!
O avô QUIM, ficou bem animado,
com a oferta da LAURINHA
Ui...suspirou de tão cansado!
Sentou-.se perto da sua netinha,
contando-lhe muitas histórias de quando era
da sua idade...e,
ai como a lembrança lhe trazia saudade!!!
Até uma lágrima rolou
no rosto do avô.
Então lembrou que em pequenino,
tinha um burrinho
Que o transportava a caminho
da horta, outras vezes o levava pela arreata.
Cinzento era o burrinho, côr de prata!
E olhos meiguinhos, lá ía com passos miudinhos,
ao encontro de seu avô,
enquanto a avó ficava em casa cozinhando
o almoço.
E de novo suspirando
diz o avô com saudade: ai... como eu era tão moço!
Conta que com paciência seu avô
lhe ensinou
a fazer um assobio
com uma cana verde que apanhou perto do rio.
A menina ouviu...ouviu...
e não desistiu, com olhar sorridente,
ao contrário do olhar sombrio
do avô QUIM disse:
Avô um dia, vou contar aos meus netos
que tu eras muito meu amigo, que eu
era a neta a quem davas mais afectos.
E assim num abraço apertado a LAURINHA,
demonstrou o seu amor pelo avô, e nunca vai esquecer as lições sobre horticultura.
Quando florirem os seus canteiros de cheiros e de flores que tratará com ternura,
levará também para a avó MARIA
que ficará tão contente, que a abraçará com alegria.
Finda esta estória aqui, mas já vinha aí a saltar um CABRITINHO que acabou de nascer, e a LAURINHA, vai voltar para outra estória contar, pois é verdade...é que ela também gosta muito dos animais, e lá na quinta eles nunca são demais. Há galinhas no poleiro, e ovelhinhas a pastar, a comida está no celeiro e não convém acabar, mas a natureza tudo nos dá... devemos aquietar-nos...e aceitar o que nos é dado... a cada dia que passa e assim sermos felizes com a ajuda de Deus!
A HISTÓRIA DA FIGUEIRINHA
Hoje lembrei duma figueirinha muito especial, então resolvi contar a
história bem real.
Era uma figueirinha, a tantas igual
Foi plantada no tempo dos bisavós
Mas em dia de temporal
Foi arrastada pelas águas
Ficando no meio do rio
A sós...!
Porém,
tinha a raíz bem forte
ficou sempre à terra ligada
e ninguém
conseguiu dali arrancá-la.
Nem o vento do norte!
Pois tinha a amizade da menina a segurá-la.
A figueirinha que vos falo, era
bem mimosa, ostentava suas verdes folhas
e seus belos figos roxos...
Na Primavera,
lá ía sua amiga a menina com quem conversava.
A menina ao tronco trepava, sentava-se,
e a figueira a convidava a comer seus figos roxinhos.
A menina agradecia, comia
e repartia com os peixinhos...
Ah! E também com os passarinhos...,
que por alí perto nos salgueiros tinham os ninhos.
A menina e a figueira eram então muito amigas,
em troca dos figos a menina cantava-lhe cantigas
com muito amor,
a música vinha do rumor
das agúas do açude,
que caíam em catadupa, brilhando ao sol da tarde...
Ah! Como a menina tem saudade...!
Molhava os pés...e ria...ria com alegria.
Ali só estava ela a figueirinha e por companhia
os peixinhos, e os passarinhos.
Durante muitos anos sempre houve esta amizade
Todos compartilhavam suas vidas,
a menina e a sua ansiedade...
queria ser grande ter mais idade!
Os salgueiros queriam suas hastes, robustas mais crescidas.
O rio enlouquecia por chegar ao mar
Os passarinhos de ramo em ramo não pararam de saltitar.
O açude esse continuava a cantar, melodias de encantar,
e a figueirinha...essa, esperava p'la menina, sempre na ânsia de a ver regressar.
Lá ficou no meio do rio, aguentando as investidas
do temporal.
E foi assim tal qual!
Um dia já cansada
de esperar se deixou adormecer,
e assim, p'la água foi levada
acabou por morrer...
Mas não fiquem tristes...
Pois...valeu a pena prá figueirinha viver,
sempre teve bons amigos, viveu feliz
e hoje a menina a recorda com muita ternura.
E assim ERA UMA VEZ...uma figueira diferente
Que dava figos com doçura,
para a menina sómente...!
Que os repartia com os passarinhos
e com os peixinhos,
que também a sua falta sentiram.
E os meninos se admiram?
Foram tempos de muito amor e união!
E que ainda hoje a menina lembra e traz no coração.
São recordações pois então...
Agora deixa-se na margem a olhar
para aquele lugar,
lá está o rio a murmurar
E ela tudo ainda ama...
E parece-lhe ouvir a figueirinha
que por ela chama!
À próxima virei contar-lhes outra história verídica, duma menina e seus amigos de escola.
Quem contou a história?
A RITA... claro, a que tem no cabelo uma fita, a que não pára de sonhar...por isso tanta história tem para vos contar.
A MENINA BORBOLETA E O COLIBRI
Andava a menina Borboleta distraída
Pousando aqui e ali...
Ouviu queixar-se da vida
Um bonito Colibri.
Porque te queixas Colibri?
Se o vento está de feição!
Sorri, sorri...sorri!
Esquece logo a solidão.
Olha, olha quem ali vem!
A Joaninha amiga tão boa!
Chora ela também!
Que seu pai foi pra Lisboa.
Eu também tenho saudade
Duma outra Primavera...
Lá dum jardim da cidade
Onde tenho um amigo à espera.
Vou andando, passe bem!
Veja se alegra seu dia
Cante... cante muito e cante bem
Aí no cimo da ramaria.
Que o rouxinol também canta
Do nascer ao fim do dia
E o seu canto a todos encanta
Até à jovem Cotovia.
Hoje o céu está azulinhol
E até ele?... chega a palmeira!
Onde a Rolinha fez o ninho
Chegou cedo foi a primeira!
Novidades por aqui?
Anda aí um novo Zangão!
Anda sim, que eu bem o vi!
Veio para passar o Verão.
De férias vieram também
As Andorinhas lá do sul
Que mau feito elas têm!
Vêm quando o céu está azul
Mas não se dão com ninguém.
Bem eu vou à minha lida!
Tenho flores pra visitar
Fique-se aí na sua vida
Que prá tarde hei-de voltar.
Ah...fique também a saber!
Que há aqui perto uma colmeia
Com abelhinhas a nascer
Dizem que a casa está cheia!
Um berçário bem guardado
A Abelha Mestra é a mãe
Trata das bébés com cuidado
As abelhinhas tratam dela também.
Ah...Logo, logo o rosmaninho
E também o alecrim
Vão ficar também cheinhos
De borboletas iguais a mim.
São minhas primas e vêm
De longe da Àfrica quente
Escreveram e dizem que têm
Muitas saudades da gente.
Que água tão clarinha
Já viu passarinho Colibri?
Vou matar a sede minha
E já volto de novo aqui.
Este vento rezingão
Nem é mau como parece!
Sempre nos dá um empurrão...
Depois abranda!
E a rabujice logo esquece.
E lá foi a borboleta colorida, com suas asas
multicolores, contente com a Primavera e com a chegada
de outros bichinhos que aparecem nesta estação do ano, rodeando
as flores do campo e dos jardins. Hoje está uma aragem leve
o odor da flor do limoeiro e da laranjeira se espalha no ar.
Eu sou a ROSA e aqui bem sossegada no meu cantinho, ouvi esta conversa
entre a Borboleta e o Colibri.
UMA JOANINHA FELIZ
Sou uma Joaninha muito alegre, vou contar
a minha história, chamo-me FLI, minha mãe FLÁ, meu pai FLU minha irmã mais novita FLÉ e minha irmã mais velha FLO
Nasci num dia ensolarado
Meu pai nem estava por cá!
Nasci bem no meio do prado
Minha mãe se chama FLÀ.
Sou a filha do meio
A FLI
Sou vermelhinha no verde
Gosto de passear no centeio
E de ir ao rio matar a sede.
A minha irmã mais nova
É linda e tão morena...
A FLÉ
Por isso lhe faço uma trova
Eu cá sou Poeta,
Ela não...tenho pena!
Meu pai anda lá por Lisboa
Na avenida da Liberdade
Enquanto eu por aqui à toa
Não o esqueço e dele trago saudade.
Olhem só quem ali vem!
É minha irmã, a mais novita a FLÈ
Gosto dela como ninguém
Daqui de perto dela, não arredo pé.
Balouçamos no centeio
Com a ajuda da FLO e do vento
E quando o trigo estiver cheio
Ele será nosso alimento.
Por aqui temos fartura
Vivemos muito contentes!
Mas para alguns a vida é dura
E têm fome entrementes.
Hoje é grande a minha euforia
Faço anos pois então!
Minhas asas não páram, é tanta a minha alegria
Que aqui quero também passar o Verão.
Vou voar todo o santo dia
Entre uma e outra seara
Vou fazer como a formiga
Que de trabalhar não pára.
E quando chegar o luar
Recolhida eu vou estar,
Numa folhinha de milho
Mas amanhã vou voltar...
Pelo mesmo carreiro,
Seguindo o mesmo trilho
E das espigas sigo o cheiro.
De Lisboa está prestes o pai a chegar
E a mãe FLÀ está muito contente
Se o pai nos vem visitar
Está contente toda a gente.
E assim a estória termina
Que eu quero é ir brincar
Ainda sou tão menina
Que o vento me empurra ao voar.
Já vejo o dia a fugir
E o sol para trás da igreja
Gotas de cacimbo a cair
É a natureza benfazeja.
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